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Prof Dr Thiago Bernardino de Carvalho
Unesp/Botucatu
 
O título desse artigo ao mesmo tempo que causa interesse do leitor, faz com que haja indagação de como se pode aumentar uma determinada produção e também reduzir seus custos. Para um gestor, a lógica de buscar uma elevação na produção se reside no fato que com o incremento produtivo há a possibilidade de ter uma redução dos custos fixos, a chamada economia de escala.
 
Em um ambiente produtivo, em especial no agronegócio, a busca de se produzir mais com menos ganha cada vez mais força nos últimos anos, seja pela escassez de área, seja pela escassez de recurso, ou pela elevação dos custos de produção. Os ganhos em produtividade, fazem com que haja uma eficiência no uso dos fatores de produção e consequentemente na redução dos custos relativos.
 
No caso da produção leiteira, os principais fatores de produção, são a genética, a alimentação e a sanidade, que juntos são capazes de elevar a produção de uma propriedade. Um indicador bastante acompanhado pelos produtores no dia a dia da atividade leiteira, é a produção diária de leite, que está correlacionada com a composição alimentar e a saúde dos animais. Mas nesse sentido, um outro indicador, mais importante, é a quantidade de vacas em lactação sobre o número de vacas total da propriedade.
 
O volume total de produção, dado a produção diária e o total de vacas em lactação é de extrema importância para ser analisada a eficiência produtiva e econômica da atividade. Tomamos como exemplo uma fazenda que produz 30 litros de leite por vaca por dia e possui 85,71% de suas vacas em lactação, em contrapartida de uma propriedade, que possui 53,3% de vacas em lactação e está produzindo 7 litros de leite vaca/dia (duas realidades da produção de leite no Brasil).
 
Supondo que as duas propriedades possuam as mesmas 100 vacas, o custo total da fazenda com a maior produção, é de R$ 7.095/vaca, enquanto que a possui a menor produção diária, cerca de R$ 301,5/vaca. Esse custo maior ocorre pelo maior dispêndio em alimentação e sanidade, com o objetivo de se produzir mais. Nesta análise, há uma diferença brutal de despesas entre as duas propriedades, o que em um primeiro momento pode assustar o produtor.
 
Mas quando analisada a receita da atividade e tomando-se como base os fatores produtivos de produção diária por vaca e as vacas em lactação, temos que a propriedade com produção de 30 litros/vaca/dia e mais de 85% das vacas em lactação, aufere uma receita de R$ 12.375/vaca, enquanto que a receita da propriedade menos eficiente é de R$ 337,5/vaca (considerando o mesmo preço de venda – R$ 2,25/litro). Nota-se a maior margem da atividade de alta produção, resultado em um lucro líquido 146 vezes maior.
 
Por fim, o que mais chama a atenção na análise, não é simplesmente a receita e o custo total, mas sim o custo por litro de leite produzido, que na propriedade com maior produção é de R$ 1,29/litro em detrimento da propriedade com menor produção, com custo superior, de R$ 2,01/litro. Ou seja, o custo relativo por litro produzido é menor com a maior produção.
 
Para o produtor, seja de pecuária, seja de grãos, o foco tem que ser nos retornos e nas despesas e não simplesmente nos custos. Há uma diferença entre despesas para se produzir um litro de leite e o custo da atividade, que neste último caso, engloba a ineficiência produtiva. Ganhos com produtividade fazem com que haja economia de escala no processo produtivo e consequentemente melhor retorno e maiores margens. A busca pela maior produção poderá ajudar o produtor de leite na redução de seus custos e melhora econômica da atividade.